top of page

Manifestações culturais brasileiras encontram-se, ainda hoje, presentes em terras africanas através de festas populares como o carnaval, o bumba-meu-boi e a dança da burrinha. Celebradas geralmente em ocasiões diferentes das do Brasil, essas festas contribuem, no entanto, para manter vivas tradições ameaçadas pelo passar dos anos.

O mais importante desses folguedos é a dança da burrinha, que teria nascido na Bahia, no final do século XVIII e é celebrada por ocasião da Epifânia, no início de janeiro. Na África, a festa sofreu alterações, sendo a principal delas a introdução de personagens de inspiração local na encenação. No Benin, a “bourian”, como é chamada, é apresentada, em geral, por ocasião das festas de Nosso Senhor do Bonfim, no terceiro domingo do mês de janeiro.

O caráter crescentemente profano da festa fez com que se tornasse muito popular entre os beninenses. Numerosos grupos profissionais de burrinha foram criados nos últimos anos, e é comum hoje a encenação da “bourian” em casamentos, batizados e como atração em hotéis.

As encenações envolvem numerosos personagens, muitos dos quais, como a própria burrinha e o boi vêm do Brasil. Outros são de inspiração africana, como o elefante, a ema, o leão, o camelo, os enormes bonecos Ioiô (Papa Giganta) e Iaiá (Maman Giganta), que lembram personagens do carnaval de Olinda, ou ainda Mammywatta, personagem que representaria a deusa do mar. Os personagens entram na dança uns após os outros, e são saudados com canções onde se mistura o português, o nagô e o fon. Em 1953, Pierre Verger repertoriou 50 dessas canções em revista do Institut Français d’Afrique Noire, ainda em seu português de origem. Algumas delas foram, em seguida, reproduzidas em outros livros, o que permitiu sua sobrevivência ao tempo. Na África, no entanto, onde essas publicações pouco circularam, as canções são preservadas na memória dos animadores, que as passam a seus sucessores. Com o passar do tempo, a letra original vai dando lugar a variações que prejudicam o seu entendimento.

Em Lagos, assiste-se, ainda hoje, geralmente na Páscoa, a representações de bumba-meu-boi, chamadas simplesmente “Boi”, e organizadas no Brazilian Quarter, geralmente na praça Campos (Campos Square). A família Campos, que deu nome à praça, é uma das responsáveis pela organização do folguedo.

bottom of page